16 de nov. de 2010

Circuito Athenas Etapa III - Meia Maratona


A vida pode ser analisada por ciclos, onde traçamos objetivos e escolhemos o caminho e as alternativas para podermos concluir a meta estabelecida. Como comprar o primeiro carro, lembro que o meu foi um fusca 71 que paguei à vista com a recisão de trabalho, casar, ter filhos, se formar, entrar em determinada empresa - não necessariamente nesta ordem - mas a questão é que os ciclos ou etapas são estímulos que nos impulciona a desafiar a nossa própria razão. Levando em conta que sempre serão situações novas, por isso a dificuldade de assimilarmos esses "estimulos", sempre haverá aquele medo, insegurança e o famoso frio na barriga. 
Há aproximadamente 1 ano comecei um novo ciclo na minha vida, que não sabia ao certo para onde iria me levar ou o que eu iria aprender, em novembro de 2009 dou os meus primeiros passos na atmosfera da corrida de rua, na minha ótica um pouco tarde, já com 32 anos, mas no decorrer desta jornada percebo que a idade é um mero número para aquele que se aventura em uma nova etapa. Nestes 12 meses foram, 14 provas, 914,72km, 80471 calorias gastas, 89:35:49 horas de corrida. Números que representam muito suor, determinação e perseverança, pois do sedentarismo para a rua é um percurso mais duro do que uma ultramaratona.
Assim chego em minha primeira Meia Maratona, para fechar com chave de ouro o Circuito Athenas. Mas todo o planejamento, planilhas, treinos foram por água abaixo, por isso semanas antes da prova eu estava extremamente inseguro, meu último treino acima dos 15k tinha sido dia 11/10. O treino da semana que era só pra manter um ritmo foi um desastre, um simples 10k me deixou com dores e ofegante, isso há 4 dias da prova, comecei a ficar tenso mas não poderia deixar de completar esta etapa e alguns sinais começaram a me dar os estímulos. Na sexta passei numa megaestore e comprei o livro Do que eu falo quando eu falo de corrida do romancista e maratonista Haruki Murakami, ele começa com um prefácio assim: Sofrer é opcional. Ao decorrer do livro vejo algumas características que me despertam para a prova de domingo, o fato dele ter começado a correr com 33 anos até me motivou a encarar daqui uns anos uma maratona. Se não bastasse na sexta à noite percorro os telecines da vida e para minha surpresa estava passando no Telecine Cult, Carruagens de Fogo (risos). Filme de 1981 que conta a história de dois atletas britânicos que competem entre si nas Olimpíadas de Verão. Um deles é um missionário fiel que corre em nome de Deus. O outro é um estudante judeu que corre para ser famoso e escapar de preconceitos. Foi vencedor do Oscar de Melhor Filme, entre outros. Me chamou muito a atenção quando Eric Liddell cita Isaías 40:31 - "Mas os que esperam no SENHOR renovarão as forças, subirão com asas como águias; correrão, e não se cansarão; caminharão, e não se fatigarão." - Entendi como um sinal de Deus. 
Já era meia noite de sábado, estava arrumando os últimos detalhes para a prova, despertador às 5h15, gel de carboidrato, mp3, tênis, nike sportsband e etc. A retirada do kit no período da tarde foi muito tranquila, como sempre no Circuito Athenas. A cor vermelha da camiseta nem se compara com aquele roxo da Etapa II, mas o que realmente valeu os R$80,00 foi a mochila. Agora não me restava fazer mais nada, era só acordar no domingo e correr.
Domingo antes mesmo do sol sair eu vou em direção a prova, o clima estava inserto, pois o sol ameaçava sair e isso iria ser outro problema. Traço uma estratégia de prova, vou dividir a prova de 5km em 5km, psicologicamente seria mais fácil de percorrer. Largo num pace de 6’’ e procuro manter para sobrar fôlego nas subidas da Ponte Estaiada. Tudo estava favorecendo o tempo fica nublado, mas não chove, pego confiança e prossigo. A marginal Pinheiros não me chama muito atenção, mas para eu me distrair observo a arquitetura dos prédios e tento esquecer o odor do rio, percebo muitas pessoas na ciclovia e penso em um dia ter a minha bike para fazer um biathlon. 
No meu playlist tinha de tudo, rock, pop, eletro, rap, gospel e até o hino do Palmeiras cantado pela banda Tihuana, procuro pegar água em todos postos para não ter problemas depois. Chego na Ponte Estaiada, impressionante como esse monumento só serve de cartão postal mesmo, saímos do plano e começa alguns trechos de subida, como tinha economizado energia, não vi nenhuma dificuldade anormal, tomo o meu primeiro gel. Já tinha completado metade do percurso e pelo meu planejamento o segundo de trecho de 5km. De volta a marginal um posto com Gatorade, muitos param para beber, mas tentei fazer o malabarismo de correr e beber ao mesmo tempo, um desastre. No meu Nike Sportsband o percurso estava com 200m a mais, na altura da prova isso já não importava se 200m ou 2km a mais, o que estava valendo era a satisfação de estar completando um ciclo, ou circuito para muitos, que desejei muito. Quando chego por volta do quilômetro 13 sinto que o que Isaías escreveu é uma verdade "correrão, e não se cansarão" e acelero bem até os 18km passo por muitas pessoas, as emoções se misturam. 20km, agora só falta a subida da ponte Transamérica, penso comigo " falta pouco, falta pouco". E por fim cruzo a chegada com uma satisfação que não vou conseguir descrever neste relato e uma dor nas panturrilhas idém. Medalha e camiseta de Finisher em mãos, agora é curtir e me preparar para as próximas.

 

2 comentários:

  1. Muito legal seu post. Tbem estive na prova... O que mai gostei foi da sua playlist.. /realmente eclética.. Parab[ens... Aspas ---- No meu playlist tinha de tudo, rock, pop, eletro, rap, gospel e até o hino do Palmeiras cantado pela banda Tihuana -- /aspas
    /abraço do amigo

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  2. Diz aeh campeão !!!
    Foi uma honra poder conhece-lo pessoalmente !!!

    Parabéns por essa virada de vida... sem dúvidas estes números irão apenas crescer e vc irá cada vez mais longe e com certeza a cada prova baixo seus tempos e superando todas as pirambeiras que aparecerem!!!

    Sucesso Sempre !!!

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